segunda-feira, outubro 23, 2017

A linguagem do Cinema e Jornada do Herói

A Jornada do Herói Mitológico 
Muitos consideram que um dos mais importantes livros do século XX foi “O Herói de Mil Faces”, de Joseph Campbell. Paralelamente às teorias de Carl Jung sobre os arquétipos e o inconsciente coletivo, Campbell trabalha a noção de que as histórias (todas elas) estão ligadas por um fio condutor comum. Assim, desde os mitos antigos, passando pelas fábulas e os contos de fadas até os mais recentes estouros de bilheteria do cinema americano, a humanidade vem contando e recontando sempre as mesmas histórias.

Esta “história oculta” dentro de outras histórias é chamada por Campbell de “A Jornada do Herói Mitológico”, e tem servido de base e orientação para profissionais que estudam e se dedicam às diversas formas do “storytelling” (o contar histórias), desde psicólogos, escritores e contadores de histórias, dramaturgos, roteiristas e críticos de cinema.

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Segundo Campbell, seria possível estruturar qualquer história a partir do roteiro básico da “Jornada do Herói”, e vice-versa, ou seja, é possível “desmontar” as histórias, identificando nelas os passos que constituem a “Jornada”.
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Partindo dos conceitos de Campbell, Chistopher Vogler estruturou um esquema semelhante à “jornada do herói”, só que mais adequado às narrativas contemporâneas (cinema, TV etc.). Em seu livro “A Jornada do Escritor”, ele indica os seguintes passos para a criação de uma história que siga a estrutura da “jornada” de Campbell:

Etapa da jornada do herói, seguindo o roteiro de Christopher Vogler:
1. O MUNDO COMUM
2. CHAMADO À AVENTURA
3. RECUSA DO CHAMADO
4. ENCONTRO COM O MENTOR
5. TRAVESSIA DO PRIMEIRO LIMIAR
6. TESTES, ALIADOS E INIMIGOS
7. APROXIMAÇÃO DA CAVERNA OCULTA
8. A PROVAÇÃO SUPREMA
9. RECOMPENSA
10. CAMINHO DE VOLTA
11. RESSURREIÇÃO
12. RETORNO COM O ELIXIR

Em resumo:
1. O Herói é apresentado no mundo comum, onde recebe um chamado à aventura.
2. Primeiro recusa o chamado, mas num encontro com o mentor é encorajado a fazer a travessia do primeiro limiar e entrar no mundo especial, onde encontra testes, inimigos e aliados.
3. Na aproximação da caverna oculta, cruza um segundo limiar onde enfrenta a provação suprema.
4. Ganha sua recompensa e é perseguido no caminho de volta ao mundo comum.
5. Cruza então o terceiro limiar, experimenta uma ressurreição e é transformado pela experiência.
6. Chega então o momento do retorno com o elixir, a benção ou o tesouro que beneficia o mundo comum.

- Leia o texto completo sobre a Jornada do herói (texto de Christopher Vogler, a partir de Joseph Campbell) e aqui o artigo de Albert Paul Dahoui sobre o assunto.


CAMPBELL, Joseph. O Herói de Mil Faces. São Paulo, Editora Cultrix/Pensamento, 1995.
VOGLER, Christopher. A Jornada do Escritor. Rio de Janeiro, Ampersand Editora, 1997.

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Cinema europeu x cinema de hollywood
Uma das melhores definições sobre a diferença entre um filme europeu e um filme americano foi feita pelo mestre Hitchcock. Ele disse que o filme europeu pode abrir com uma imagem de nuvens, cortar para outro plano de nuvens, e então cortar para um terceiro plano de nuvens.
Se um filme americano abre com uma imagem de nuvens, deve cortar para um plano de um avião, e se no terceiro plano o avião não tiver explodido, a platéia estará entediada. (Fonte: Blog Roteiristas).



O cinema de Holywood geralmente direciona nossa atenção, focando e direcionando o olhar do espectador.


Na narrativa européia as cenas podem mostrar uma ação em primeiro plano e, ao fundo, outro acontecimento no mesmo quadro pode ser parte importante (uma chave) para desvendarmos
o quebra-cabeças história central.
(O olhar do espectador é menos direcionado do que no cinema de Hollywood)




Slides da aula 'Linguagem do cinema'




O Zoopraxiscópio de Eadweard Muybridge 










A fotografia em movimento de Eadweard Muybridge 




Filme: Viagem para a lua (A trip to the moon)






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